YOGANANDA - ASTROLOGIA E CRIAÇÃO DE ADÃO E EVA

Capa do meu livro (comprei em Setembro 2004 na Suíça)

Link para baixar o livro em Port-BR (clique no título):

AUTOBIOGRAFIA DE UM IOGUE

Hoje, domingo, segui a rotina habitual: tomei meu mate pelas 6h30 e comi meu pão integral com um patê de abacate a la guacamole (receita completa - clique aqui) - essa receita pessoal speed (rapidex), preparo em 3 minutos, amassando meio abacate pequeno ou médio (depende do que seja pequeno ou médio), acrescento sal, azeite, chimichurri e umas pitadas de pimenta! Fica divino... Você pode passar no pão inteiro, ou usar a tigela para pegar a porção via colher e colocar no pão cortado em quadradinhos. 

Depois de ter feito alguns serviços pela casa, senti uma intuição de checar minha biblioteca com aprox 2 mil livros  (as vezes eu falo mil, porque os outros não são livros, mas dicionários, enciclopedias sobre arte, musica, cidades, etc. - e claro, todos separados por temas). Não achei que era uma intuição, mas quando vi o livro (em alemão) AUTOBIOGRAFIA DE UM IOGUE, senti vontade de folhear nele - e abri de cara no capítulo 16, não exatamente no início, mas na parte onde o mestre de Yogananda fala das influências astrolológicas e dá algumas dicas de como escapar da influência delas em casos especiais pois, de modo geral, quem segue uma via espiritual profunda, não está sujeito a elas feito folha ao vento, visto que: os astros declinam, mas não determinam - aliás, por isso que a Astrologia é proibida na Bíblia - porque as pessoas acreditam nas previsões e exatamente por isso as concretizam! Elas ajudam a co-cocriar tais - o mesmo vale para videntes, que podem ver predisposições, mas ao invés da pessoa pedir por PROTEÇÃO E ORIENTAÇÃO DIVINAS, ela aceita as previsões e assim, de fato, se concretizam! 

CASO PESSOAL COM VIDENTE

Aliás, por isso, quando pelos 18 anos fui a uma vidente com uma amiga -  à convite dela - eu fiquei em segundo lugar esperando minha vez, e estando sozinha na sala, orei a Deus e pedi que Ele  usasse a vidente para me falar apenas do que poderia mudar em minha vida! E assim foi! Meses depois o que ela disse se concretizou - só que sabendo disso, eu pude escapar de uma relação altamente dramática (e o quanto ela seria dramática eu só vim a entender 20 anos depois, ao saber o significado do que aquele charmoso engenheiro químico carioca havia me falado dele). Assim, quando teríamos nosso segundo encontro lindo e mágico - fora o vivido na praia de Copacabana, em que ele me carregou no colo pela praia - eu, de repente, me lembrei da previsão da vidente - e falando com meus dois amigos, pegamos o primeiro ônibus e fomos embora do Rio e ele nunca mais me viu - deixei um bilhete sim, na portaria, mas nem lembro o que escrevi. 

Anos mais tarde, quando consultei um astrológo na Suíça, ele me disse algo interessante. Para seu espanto, ele constatou que eu me livrei de alguns "relacionamentos turbulentos" durante a vida e ao checar como, ele deduziu que eu usei algo não comum: eu me submeti a uma Força Maior e assim não me envolvi nas ciladas humanas! Disse então que isso foi uma dica chave para ele - para poder orientar melhor seus clientes - ou seja: a checar uma opção superior ou apenas de estar disposto a abdicar ou "perder" algo - para não se envolver em tais ciladas! 

Portanto, podemos sim usar a Astrologia, mas de forma cuidadosa - para começar selecionando astrólogos que inspirem confiança. Claro que também já caí na lábia de alguns que pareciam bons... Importante é aprender. Precisamos entender que todas "logias" são ferramentas - que podem ser mal-usadas, ou usadas para o mal... portanto, uma faca pode cortão pão e cortar a vida... a internet pode nos ajudar a entender temas complexos ou nos fazer perder em bobagens sem fim... gastando nosso precioso tempo e nossos preciosos olhos... 

Antes de copiar as partes chaves citadas do cap 16 - acho oportuno comentar o seguinte: 

Para quem não sabe, o Mestre de Yogananda também ressuscitou após sua morte e apareceu a Yogananda em corpo - tal como Jesus a seus - e quem achar isso herético, lembrem apenas do Jesus disse: Tudo o que eu faço vos podeis fazer e mais... 

Quem quiser ler a respeito, vejam no cap 32, quando o mestre do mestre ressuscita um menino (leiam tudo) - e no longo cap 43, Yogananda vai falar de seu assombro, quando até pode abraçar seu mestre que havia morrido há meses. Detalhe: quando forem ler esta parte e outras, os hindus se referem a este mundo e corpo como parte de um sonho (ilusão - maya) - e hoje sabemos que a matéria física, se olhada sob microscópios especiais, mostra que cada atomo está distante um do outro, como os planetas do nosso sistema solar (só para dar uma ideia), e, no entanto, para nós, parece que somos altamente compactos. Porém, os indianos e outros mestres similares, consideram este plano físico apenas um pequeno aspecto da VIDA - ou da GRANDE VIDA. 

Aliás, o mestre dele vai explicar detalhes da esfera astral (mais sutil que a nossa, que muitos videntes vêem e alguns animais, pois opera em outra faixa vibratória), da esfera causal e muito mais, com detalhes que vocês não vão achar por aí! 

Voltando à frase dita por Jesus, que faríamos coisas como ele e mais. Interpretei esta frase em várias postagens, dentro de certos contextos, e vou resumir aqui novamente: 

- Jesus, antevendo que nos próximos séculos o homem iria adqurir mais clareza de pensamento, e sabendo que a cada geração as novas crianças nascem com mais potencial - o que é altamente lógico e natural, pois elas herdam o saber adquirido até então pela humanidade, via pais - ele anteviu que seríamos capazes de fazer o que ele fazia, sobretudo, atingir a COMUNHÃO COM O PAI, tal como Ele viveu em carne - como exemplo vivo - para que através desta comunhão, possamos realizar tarefas impossíveis a homens apenas comandados via suas mentes intelectuais, limitadas!

Mas hoje caímos em nova cilada intelectual: achamos que podemos IMITAR PODERES DIVINOS, ao ativarmos glândulas (via certos exercícios - e atualmente via tecnologia!!!),  que nos proporcionam os tais poderes extrassensoriais - só que os humanos limitados em seu saber, esqueceram de um detalhe chave: quando ativamos nossos muitos poderes secretos ou apenas latentes - sem uso -  e os usamos com nosso ego e mente limitados e, sujeitos à ambição e poder sem limites, vamos causar estragos não só na nossa vida, mas de muitos - pois, NÃO teremos SABEDORIA para lidar com tais poderes - por isso, quem realmente sabe disso (eu intuí isso aos 23 anos e por isso deixei de adquirir tais poderes via práticas), jamais vai seguir esta via altamente equivocada.

E aqui vale citar algo em relação aos tão difamados e mal compreendidos mestres indianos. 

TIPOS DE MESTRES INDIANOS

Existem duas categorias gerais (generalizando!):

1) Mestres que não são mestres - são apenas iogues, que possuem mais ou menos poderes extrassensoriais via práticas de yogas diversas, de modo inapropriado - pois o objetivo das diversas linhas de yogas nunca foi de alcançar poderes, mas preparar o corpo de forma a se tornar um vaso preparado para receber a SABEDORIA DIVINA...dito de forma simplificada, ou a sabedoria do PAI ou do ESPÍRITO SANTO ou como queiram denominar tal, sendo que  os tais poderes são apenas efeitos secundários e jamais deveriam ser usados como propósito final. Qualquer ser humano que tem noção do perigo de liberarem poderes SEM ter adquirido SABEDORIA INTERIOR, jamais vai incorrer em práticas do gênero! Eu avisei via escrita sobre isso a um mega multi milionário em São Paulo, que me pediu para ler um livro e dar minha opinião (aos 24 anos). O devolvi tempos depois, via correio, pois já não vivia mais em São Paulo, com uma advertência: o ser humano brinca com poderes, não imaginando que está brincando com potências similares a uma bomba atômica. 

Nota: Este milionário vive hoje em Mônaco - mas perdi o contato, pois me mudei de São Paulo ao desistir da vida de Manequim  (visto que já era vegetariana e só apareciam comerciais para vender vinhos, camparis, cigarros e similares - sem falar das propostas indecentes para ganhar fama speed). E não enviei meu endereço, de propósito, pois eu havia sim me apaixonado por ele - não pela sua riqueza - isso era o que me incomodava: era rico demais! - mas porque minha meta pessoal sempre foi a realização espiritual e achei que eu o faria sofrer querendo que ele entenda meu mundo e ele vice-versa - mas ele, com uma coleção de carros importados  (andei em alguns pela capital - inclusive num belo Jaguar negro), era muito legal - gente fina mesmo sob todos os aspectos e sempre respeitou meus limites  - e um dado curioso: se orgulhava por eu ser vegetariana - lembro de um jantar num restaurante fino em São Paulo, com um casal de amigos - e ao me apresentar, disse com orgulho: A Helena é vegetariana! - mas isso é outra história.

2) Mestres libertos do ego - esses são raros, mas esses são, de fato, os que atingiram a COMUNHÃO com o PAI, ou DEUS, ou DIVINO, ou como se queira chamar tal processo. Na Índia se chamam de iluminados, libertos, gurus, etc. Porém, a questão chave não é o nome, mas se eles realmente atingiram a COMUNHÃO PLENA COM O PAI - pois alguns atingem êxtases místicos, como alguns SANTOS CATÓLICOS, mas não sustentam tal COMUNHÃO, porque o corpo e mente não foram devidamente preparados (purificados) - então recaem no seu estado natural, que, claro, é muito superior ao homem comum e conseguem até realizar milagres aos olhos dos humanos, sem sabedoria para entender tal processo.  E por isso temos hoje muitos pseudo-gurus andando por aí e se autoproclamando de LIBERTOS ou mestres, e um LIBERTO de fato, não fica proclamando tal - porém, dada sua forma singular de viver e agir, as pessoas vão deduzindo que se trata de alguém especial... 

Nota importante: Santos e Libertos são diferentes! Um Santo é um ser, seja de qual raça for, que atinge comunhão frequente com Deus, ou com Jesus no caso cristão, e realmente está muito próximo da LIBERTAÇÃO ou da COMUNHÃO FINAL com DEUS, onde então, seu eu se perde em Deus...

<< D'eu's >>  Entenderam? O Eu Humano é Incorporado ao Eu Divino! Quer dizer: é e não é! Não dá para explicar em duas frases - um tema à parte.

Rumi, um famoso santo ou liberto persa, nascido pelo ano 1.200, tem uma frase linda para decifrar tal enigma: 

- UM LIBERTO ou que atingiu a COMUNHÃO PLENA COM O PAI, ou DEUS - é uma GOTA (um ser individual), que volta ao OCEANO (se fundindo nele)... Em palavras exatas:

Você não é somente uma Gota dentro do Oceano - você é o Oceano dentro de uma Gota.

Porém, esses seres não perdem sua individualidade ou seu senso de identidade (falo isso por dedução de quem atingiu tal libertação nesta época - e não são poucos),  apenas seu ego - só que agora DEUS USA SUA MENTE, CORAÇÃO E SEU CORPO COMO INSTRUMENTO PARA AJUDAR OUTROS A SE LIBERTAR DO JUGO DA CARNE E DA MENTE INTELECTUAL! Por isso se fala em tornar o CORPO, CORAÇÃO E MENTE EM UM TEMPLO PARA DEUS HABITAR! Sei que muitos que vão ler este post, já tiveram experiências de COMUNHÃO COM O PAI, seja via meditação, oração profunda, ou como for e sabem que este estado de bem-aventurança é algo sublime e a gente nunca quer sair - e depois fica louca para repetir a experiência - e nem sempre consegue!!! 

Haja frustração! Mas um dia... quem sabe... pois, o importante é nunca desistir... Aliás, os que atingiram a libertação nesta época falam algo em comum: raros são os que atingem tal libertação sem exaustivos esforços - foi o caso de Ramana e através dele Robert Adams - aliás, tenho mais um post de Robert Adams - clique para abrir - e mesmo um Nisargadatta veio pronto, pois com a graça de seu mestre ele rompeu com o ego mesmo sendo pai de família, comendo carne e etc. MAS... quem entende, sabe que ele veio pronto sim, só que... de outras vidas, e nesta fez apenas um passo final via ajuda extraordinária! Não foi assim com Saulo, o perseguidor de cristãos? Num ato Jesus o transformou em um NOVO HOMEM... RENASCIDO... em Paulo! Aliás, por isso a maioria muda seu nome de batismo... porque realmente não são mais os mesmos, nascidos na carne - agora são (re)nascidos via Espírito!

Os cristãos ortodoxos temem tais conceitos - ou seja: de podermos COMUNGAR COM O PAI EM NÓS (mais próximo que mãos e pés), pois o acham herético - mas isso é fruto da interpretação parcial, literal e limitada das palavras de Jesus! Lendo os trechos que vou copiar mais abaixo, o Mestre de Yogananda vai citar várias dessas frases e as interpretar (lembrando que Yogananda falou muito de Jesus quando veio a se instalar nos EUA - eu mesma postei vários vídeos deles - pois hoje temos tudo em formato de vídeo, facilitando aos que não gostam de ler - e um post - clique aqui).

MESTRES & PODERES

Por último, um detalhe chave de um LIBERTO DO EGO:
- Eles jamais ostentam poderes! Porém, como ELES SÃO O CANAL VIVO E DIRETO DE DEUS, Deus realiza milagres constantes através deles - mas eles jamais vão dizer que são eles - tal como Jesus sempre dizia: Foi o PAI que te curou... e assim por diante. POIS, de fato, assim é!

Por isso tais LIBERTOS do ego, jamais iriam conseguir manipular poderes... pois não existe mais um eu pessoal por detrás de seus olhos que teria interesse em se sobressair ou fazer algo por conta. 

Sempre que você ver alguém usando poderes de forma pessoal, salvo exceções absolutas, este não é um LIBERTO PLENO... Exceção feita a alguns que precisam tocar almas muito materialistas, que só acreditam em milagres - isso vale para muitos santos, que não ostentaram poderes, mas os usaram - porém, nunca com o intuito de se autoproclamarem - mas para abrir uma brecha na alma de tantos seres perdidos, que apenas creem no que veem e assim podem iniciar uma jornada na busca por uma razão maior de se viver.

Agora segue a cópia do Cap 16 - eu não revisei - mas acho que inclui os [...] em todos números que indicam Notas de Rodapé. Se acharem algum número perdido no final de alguma frase ou palavra, trata da Nota de Rodapé!


AUTOBIOGRAFIA DE UM IOGUE

COPIA DO CAP 16 DO LINK EM PDF

Notas:

1. Neste mesmo capítulo 16 ele vai falar de Adão e Eva.

2. Todos os negritos foram feitos pelo blog (não são originais do livro).

3. Mukunda Lal Ghosh (nome real de Yogananda)

4. Wikipedia sobre Yogananda (compensa abrir e ler - tem detalhes preciosos)


Capítulo 16 - Mais esperto que os Astros 

- Mukunda, por que você não arranja um bracelete astrológico?

- Deveria usá-lo, Mestre? Não creio em astrologia.

- Não é questão de crença; a atitude científica que se deve adotar em qualquer assunto é a de saber se é verdade. A lei da gravidade funcionou tão eficientemente antes de Newton como depois dele. O cosmos seria positivamente um caos se suas leis só pudessem funcionar mediante a aprovação da crença humana. 

Os charlatães trouxeram a antiquíssima ciência estelar a seu descrédito atual. Tanto matemática [130] como filosoficamente, a astrologia é muito vasta para ser abarcada corretamente, salvo por homens de profundo entendimento. Se os ignorantes lêem erradamente o céu, e ali enxergam rabiscos em vez de uma escrita, isto é de se esperar neste mundo imperfeito, Não se deve prescindir da sabedoria ao dispensar os pretensos sábios. E meu guru continuou: 

- Todas as partes do mundo criado estão ligadas entre si e permutam suas influências. O ritmo equilibrado do universo tem sua raiz na reciprocidade. O homem, em seu aspecto mortal, tem de combater dois grupos de forças - primeiro, os tumultos internos do ser, causados pela mistura de terra, água, fogo, ar e elementos etéreos; segundo, os poderes externos e desintegradores da natureza. Enquanto o homem luta com sua mortalidade, ele é afetado por miríades de mutações do céu e da terra. 

- Astrologia é o estudo das reações do homem aos estímulos planetários. Os astros não têm qualquer benevolência ou aversão consciente; eles meramente enviam radiações positivas ou negativas. Por si só, não ajudam nem prejudicam a humanidade, mas oferecem um canal lícito para que se manifeste o equilíbrio de causas e efeitos que, no passado, cada homem pôs em movimento. 

NOTA DE RODAPÉ 130

- Referências astronômicas na literatura hindu da antigüidade permitiram aos eruditos fixar com segurança as épocas em que seus autores escreveram. 0 conhecimento científico dos ríshis era muito grande: o Kaushítaki Brâhmana consigna fenômenos astronômicos exatos, indicando que, em 3100 antes de Cristo, os hindus estavam muito adiantados em astronomia, a qual tinha o valor prático de determinar os tempos favoráveis às cerimônias astrológicas. 

Um artigo na revista East-West, de fevereiro de 1934, assim se referiu ao Jyotish ou conjunto dos tratados védicos de astronomia: 

“Contém a tradição científica que manteve a índia na vanguarda de todas as nações da antigüidade e dela fez a meca dos buscadores de conhecimento. Brama Gupta, um dos livros do Jyotish, é um tratado astronômico que estuda fenômenos como o movimento heliocêntrico dos planetas em nosso sistema solar, a obliqüidade da eclíptica, a forma esférica da Terra, a luz refletida da Lua, o movimento diário de rotação da Terra em redor de seu eixo, a presença de estrelas fixas na Via Láctea, a lei da gravitação, e outros fatos científicos que só vieram à luz, para o mundo ocidental, no tempo de Copérnico e de Newton.” 

Os chamados “algarismos arábicos”, de valor incalculável para o desenvolvimento da matemática no Ocidente, chegaram à Europa no século 9, trazidos pelos árabes, mas originários da índia, onde aquele sistema de notação fora formulado na antigüidade. 

Maiores esclarecimentos sobre a vasta herança científica da índia podem ser encontrados em “História da Química Hindu”, de sir P. C. Roy; em “Ciências Positivas dos Antigos Hindus”, de B. N. Seal; em “Conquistas Hindus em Ciências Exatas”e “Fundamentos Positivos da Sociologia Hindu”, de B. K. Sarkar; e em “Matéria Médica dos Hindus”, de U. C. Dutt. 


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Uma criança nasce no dia e hora exatos em que os raios celestes estão em harmonia matemática com seu carma individual. Seu horóscopo é um retrato desafiante, revelando seu passado inalterável e os resultados prováveis em seu futuro. Corretamente, porém, o mapa natalício só pode ser interpretado por homens de sabedoria intuitiva: estes são poucos. 

“A mensagem audaz e heraldicamente proclamada através dos céus, no momento do nascimento, não tem a intenção de dar ênfase ao destino - o resultado do bem e do mal pretéritos - mas o de despertar a vontade humana de escapar de seu cativeiro universal. O que o homem fez, ele pode desfazer. Ninguém, além dele mesmo, foi o instigador das causas cujos efeitos agora prevalecem em sua vida. Ele pode transcender qualquer limitação, em primeiro lugar, porque a criou com suas próprias ações e, em segundo lugar, porque possui recursos espirituais que não estão sujeitos à pressão planetária. 

 “O medo supersticioso à astrologia produz autômatos, dependentes, como escravos, de guia mecânica. O homem sábio derrota seus planetas - isto é, seu passado - transferindo sua fidelidade, da criação ao Criador. Quanto mais efetua sua unidade com o Espírito, menos pode ser dominado pela matéria. 

A alma é sempre livre; é imortal porque não tem nascimento. Não pode ser regida pelos astros. 

“O homem é uma alma e tem um corpo. Quando situa apropriadamente o seu senso de identidade, deixa para trás todos os padrões compulsórios. Enquanto permanecer confuso em seu estado ordinário de amnésia espiritual, experimentará os grilhões insidiosos da lei do ambiente. Deus é Harmonia: o devoto que com Ele sintoniza nunca realizará uma ação errônea. Suas atividades concordarão com o cronômetro natural e exato da lei astrológica. Após a meditação e a prece profundas, ele está em contato com sua consciência divina; não há poder maior que esta proteção interior.”  

Então, querido Mestre, por que deseja que eu use uma pulseira astrológica?

- Arrisquei esta pergunta depois de um longo silêncio; eu tentara assimilar a nobre exposição de Sri Yuktéswar, a qual continha idéias muito novas para mim. 

- Só quando um viajante atingiu sua meta é que se justifica o abandono de seus mapas. Durante a jornada, ele se aproveita de qualquer atalho conveniente. Os ríshis antigos descobriram muitos meios de encurtar o período de exílio do homem no mundo ilusório. Existem certas engrenagens na lei do carma que podem ser habilmente ajustadas pelos dedos da sabedoria. 

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“Todos os males humanos se originam de alguma transgressão da lei universal. As Escrituras salientam que o homem deve satisfazer as !eis da natureza, sem dispensar, simultaneamente, da onipotência divina. Ele deveria dizer: 

'Senhor, confio em Ti, e sei que Tu me podes ajudar, mas envidarei todos os esforços para reparar qualquer mal que tenha cometido.' 

Blog: Usaria aqui o exemplo de pedir a Deus que proteja sua casa - e Deus responderia: Tudo bem, mas pelo menos tranque a porta! (Ou seja: faça sua parte).

Por uma série de meios - pela prece, pelo poder da vontade, pela meditação legue, pela consulta aos santos, pelo uso de braceletes astrológicos - os efeitos adversos do passado podem ser diminuídos ou anulados. 

“Semelhante a uma casa que pode ser equipada com um pára-raios de cobre para absorver a descarga do relâmpago, o templo do corpo se beneficia com certas proteções. 

“Radiações elétricas e magnéticas circulam incessantemente no universo; afetam o corpo humano, favorável ou desfavoravelmente. 

Há milênios atrás, nossos ríshis estudaram o problema de combater os efeitos adversos das influências cósmicas sutis, Os sábios descobriram que os metais puros emitem uma luz astral, poderoso neutralizante dos influxos negativos dos planetas. Certas combinações de plantas também ajudam. Mais eficiente que tudo são pedras preciosas sem jaça e não menores que dois quilates.

“O emprego preventivo da astrologia raras vezes foi objeto de estudos sérios fora da índia. Um fato pouco conhecido é que jóias, nactais e misturas de plantas, embora sejam da espécie recomendada, só têm valor se apresentarem o peso requerido e se o agente terapêutico for usado em contato com a pele.

- Senhor, seguirei seu conselho, sem dúvida, e comprarei um bracelete. Estou intrigado com a idéia de burlar um planeta! 

- Para propósitos gerais, aconselho o uso de um bracelete feito de ouro, prata e cobre. Mas, para um propósito específico, quero que mande fazer um de prata e chumbo. 

- Sri Yuktéswar acrescentou cuidadosamente outras instruções. 

- Gurují, que “propósito específico” é esse? 

- Os astros estão prestes a manifestar um interesse “inamistoso” por você, Mukunda. Não tenha medo; você estará protegido. Dentro de um mês, seu fígado lhe causará muitos sofrimentos. A duração da doença está fixada em seis meses, mas o uso de seu bracelete astrológico encurtará o período para vinte e quatro dias. 

Procurei meu joalheiro no dia seguinte e logo passei a usar o bracelete. Minha saúde era ótima; a predição do Mestre esvaiu-se de minha mente. Ele deixou Serampore para visitar Benares. Trinta dias após nossa conversação, senti uma dor repentina na região do fígado. As semanas seguintes foram um pesadelo de torturas e martírios. Relutando em perturbar meu guru, pensei que suportaria valentemente minha prova sozinho. 

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Vinte e três dias de suplício, porém, debilitaram minha resolução; tomei o trem para Benares. Ali, Sri Yuktéswar cumprimentou-me com inusitado calor, mas não me deu oportunidade de lhe contar meus infortúnios em particular. Muitos devotos visitaram o Mestre nesse dia, unicamente pelo dárshan [131]. 

Enfermo e negligenciado, sentei-me num canto. Só depois da refeição da noite é que os hóspedes todos partiram. Meu guru chamou-me à sacada octogonal da casa. 

- Você deve ter vindo por causa de sua doença do fígado. 

- Sri Yuktéswar desviava de mim os seus olhos; ele caminhava de um lado para o outro, às vezes interceptando o luar. 

- Deixe-me ver, você está doente há vinte e quatro dias, não é assim? 

- Sim, senhor. 

- Faça o exercício de estômago que lhe ensinei. 

- Se soubesse a imensidão de meu sofrimento, Mestre, não exigiria exercícios de mim. 

- Não obstante, fiz uma débil tentativa para obedecê-lo. 

- Você diz que sente dor; afirmo que você não tem nenhuma. Como existir esta contradição? 

- Meu guru fixou em mim seus olhos interrogativos. Fiquei deslumbrado e, a seguir, inteiramente possuído de alívio e de júbilo. Não mais sentia o tormento contínuo que me conservara quase sem dormir durante semanas; às palavras de Sri Yuktéswar, a agonia desapareceu como se nunca tivesse existido. Fiz menção de ajoelhar-me a seus pés, em agradecimento, mas ele rapidamente me impediu. 

- Não seja infantil; levante-se e admire a beleza da luz sobre o Ganges. 

- Os olhos do Mestre, porém, cintilavam felizes, enquanto em silêncio eu me mantinha de pé a seu lado. Compreendi, por sua atitude, que ele desejava que eu sentisse não ter sido ele, mas Deus, Quem me curara. 

Até hoje uso o pesado bracelete de prata e chumbo, um momento daquele dia - de um tempo distante e sempre evocado com carinho -quando mais uma vez descobri estar vivendo com um personagem verdadeiramente sobre-humano. Em ocasiões posteriores, ao trazer meus amigos a Sri Yuktéswar para que os curasse, ele invariavelmente recomendava jóias ou o bracelete [132], enaltecendo seu uso como um ato de sabedoria astrológica. 

131 - A bênção que flui para o discípulo, à simples contemplação do guru. 

132 - Ver capítulo 25. 

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Eu tinha preconceitos contra a astrologia, desde a infância, em parte porque observara que muitas pessoas se prendem a ela servilmente, e em parte devido a uma predição feita pelo astrólogo de minha família: “Três vezes casará, ficando viúvo duas vezes.” 

Preocupado com o assunto, demorei-me a pensar sobre ele, sentindo-me igual a uma cabra à espera do sacrifício diante do altar de um tríplice matrimônio. 

- Você terá de se resignar ao seu destino - comentou meu irmão Ananta. 

- Seu horóscopo escrito predisse corretamente que você fugiria de casa para o Himalaia na meninice, mas que o forçariam a voltar. A previsão de seus casamentos tende também a resultar certa. 

Tive, certa noite, a clara intuição de que a profecia era inteiramente falsa. Ateei fogo ao pergaminho do horóscopo, colocando as cinzas num invólucro de papel onde escrevi: “Sementes do carma passado não podem germinar quando torradas no fogo da sabedoria divina.” 

Coloquei-o em lugar visível. Ananta imediatamente leu meu comentário desafiador. 

- Você não pode destruir a verdade tão facilmente como queimou esse rolo de pergaminho. 

- Meu irmão teve uma risada desdenhosa. O fato é que, em três ocasiões antes de atingir a puberdade, minha família tentou contratar meu noivado. Em todas as ocasiões recusei assentir a seus planos [133], sabendo que meu amor a Deus era mais irresistível que qualquer sugestão astrológica do passado. 

- Quanto mais profunda é a experiência direta que um homem tem de Deus, mais ele exerce influência sobre o universo inteiro por suas vibrações espirituais sutis, e menos o afeta o fluxo dos fenômenos. 

- Estas inspiradoras palavras do Mestre retornavam com freqüência à minha mente. Em algumas ocasiões, eu disse aos astrólogos que selecionassem os meus piores períodos, de acordo com as indicações planetárias, pois, ainda assim, levaria a termo qualquer tarefa que me impusesse a mim mesmo. E verdade que meu sucesso em tais épocas foi precedido por dificuldades extraordinárias, Minha convicção, entretanto, sempre foi justificada: a fé na proteção divina e o uso correto da vontade conferida por Deus ao homem são forças mais poderosas que as influências provindas do firmamento. 

133 - Uma das jovens escolhidas por minha família, como possível noiva para mim, casou-se mais tarde com meu primo, Prabhas Chandra Ghose, vicepresidente de Yogôda Sat-Sanga Society of India (filiada a SRF de Los Angeles). 

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Vim a compreender que a inscrição dos astros, à hora do nascimento, não significa que o homem seja um fantoche de seu passado. 

A mensagem deles é, antes, um acicate ao orgulho; o próprio céu procura despertar o propósito humano de ser livre de toda limitação. 

Deus criou cada homem como alma, dotado de individualidade e, portanto, essencial à estrutura do universo, seja no papel temporário de coluna ou, de parasita. Sua liberdade é final e imediata, se assim o quiser; não depende de vitórias externas, mas internas. 

Sri Yuktéswar descobriu a aplicação matemática, à nossa era atual, de um ciclo equinocial de 2400 anos [134]. O ciclo divide-se em um Arco Ascendente e outro Descendente, cada um com 12.000 anos. Cada Arco abrange quatro Yúgas ou Idades, chamadas Káfi, Dwapára, Tréta e Sátya. 

Meu guru determinou, por vários cálculos, que o último Káli Yúga, 500 anos depois de Cristo. A Idade de Ferro, com a duração de 1.200 anos, foi um período de materialismo; terminou cerca de 1.700 anos anos, foi um período de materialismo; terminou cerca de 1700 anos depois de Cristo.

Kali Yuga - é a Era em que se invertem os valores e o mal predomina, dito de modo bem simples.

Esse ano deu início a Dwapára Yúga, uma etapa de 2.400 anos de desenvolvimento elétrico e atômico: a época do telégrafo, rádio, aviões e outros anuladores do espaço. Tetra Yuga, Idade de Prata, de 3.600 anos, começará em 4.100 de nossa era; este período se caracterizará pelo conhecimento generalizado das comunicações telepáticas e de outros aniquiladores do tempo. 

Durante os 4.800 anos de Sátya Yúga, última época no Arco Ascendente, a inteligência do homem, estando supremamente desenvolvida, trabalhará em harmonia com o plano divino. Um Arco Descendente de 1.200 anos (a iniciar-se com uma Idade de Ouro Descendente de 4.800 anos) principiará então para o mundo (em 12.500 A.D.); o homem gradualmente mergulhará na ignorância. Estes ciclos são as rondas eternas de máya, os contrastes e relatividades de, mundo dos fenômenos [135]. 

Blog: Maya significa de forma bem simples, que tudo cresce, amadurece e morre, sejam plantas, animais, seres, planetas, galáxias e universos!

WIKI:  cada Yuga que se passa, a virtude no mundo vai caindo progressivamente. Na Satya-Yuga, a virtude prevalece e o mal é desconhecido. Na Treta-Yuga, a virtude cai para três quartos. Na Dvapara-Yuga, a virtude já caiu pela metade. Na Kali-Yuga, só resta um quarto de virtude. As quatro Yugas juntas formam a Mahayuga.

Os homens, um por um, escapam à prisão da dualidade do universo criado, à medida que despertam para a consciência de sua divina unidade, a de criaturas, inseparáveis do Criador. 

134 - Estes ciclos são explicados na primeira parte do livro de Sri Yuktéswar, “A Ciência Sagrada”, edição de SRF, Los Angeles. [135] As Escrituras hindus situam a época atual de mundo dentro do Káli Yúga de um ciclo universal incomparavelmente mais longo que o simples ciclo equinocial de 24.000 anos, a que Sri Yuktéswar se refere. 

O ciclo universal das Escrituras tem a extensão de 4.300.560.000 anos, e equivale a um Dia da Criação ou o tempo de vida atribuído ao nosso sistema planetário em sua forma presente. Esta vasta cifra calculada pelos ríshis[sábios], baseia-se na relação entre a duração do ano solar e um múltiplo de Pi (3,14159: relação entre a circunferência e o diâmetro do círculo). 

A duração de vida para todo um universo, segundo os antigos videntes, é de 314.159.000.000.000 anos solares, ou “Uma Idade de Brahma”.  

BRAHMA = CRIADOR  

Brâman, o Absoluto, é incognoscível pelo homem. Como um ser limitado, o ser humano somente percebe três aspectos de Brahman, que são: Brama, o Criador, Vishnu, o Preservador e Shiva, o Destruidor.

BRAHMAN = A FONTE, O ABSOLUTO, O PAI!  

As Escrituras hindus declaram que um planeta como o nosso é dissolvido por uma destas duas razões: os habitantes em conjunto ou se tornam completamente bons ou completamente maus. A mente do planeta gera, desse modo, um poder que liberta os átomos cativos cuja permanência juntos formava um corpo no firmamento. Publicam-se horrendos prognósticos, em certas ocasiões, sobre um iminente “fim do mundo”. Os ciclos planetários, entretanto, sucedem-se em ordem, de acordo com um plano divino. Nenhuma desintegração da Terra ocorrerá de imediato; nosso planeta ainda tem pela frente, em sua forma atual, numerosos ciclos equinociais ascendentes e descendentes. 

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O Mestre ampliou minha compreensão, não só da astrologia, mas também das Escrituras do mundo. Colocando os textos sagrados na mesa imaculada de sua mente, ele era capaz de dissecá-los com o escalpelo de seu raciocínio intuitivo e distinguir entre os erros e interpolações dos eruditos e as verdades tais como os profetas as expuseram pela primeira vez. “Fixa os olhos na ponta do nariz.” Esta interpretação inexata do Bhágavad Gíta [136], amplamente aceita por eruditos orientais e tradutores ocidentais, costumava suscitar divertida crítica do Mestre. 

- A senda do iogue já é bastante singular - comentava ele. Por que aconselhá-lo também a fazer-se vesgo? O verdadeiro significado de nasíkagrâm é “começo do nariz” e não “término do nariz”. Este tem origem no ponto entre as sobrancelhas, sede da visão espiritual [137]. Um aforismo Sânkhya [138] afirma: Íswar ashidha [139] (“O Senhor da Criação não pode ser deduzido” ou “Deus não se prova”). 

Baseados principalmente nesta sentença, muitos eruditos chamam de ateística toda a filosofia Sânkhya. 

- Este verso não é ateístico - explicou Sri Yuktéswar. 

- Significa simplesmente que o homem não-iluminado, dependente de seus sentidos para todos os julgamentos finais, não pode, por meio deles, provar Deus, que continua, por isso, desconhecido e não-existente. Os verdadeiros adeptos de Sânkhya, com imperturbável percepção interior, nascida da meditação, compreendem que o Senhor é existente e cognoscível. O Mestre explicava a Bíblia cristã com admirável clareza. Foi de meu guru indiano, desconhecido para a Cristandade, que aprendi a perceber a essência imortal da Bíblia e a compreender a verdade na afirmação de Cristo - certamente a mais emocionante e intransigente que já se pronunciou “Passarão o céu e a terra, mas minhas palavras não passarão” [140] 

136 - Capítulo 6:13. 137 “A candeia do corpo é o olho; logo, se teu olho for único, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, for mau, também o teu corpo será tenebroso. Cuida, pois, de que a luz que está em ti não seja trevas.” (Lucas, 11:34-35) (Nota do Autor) Na Bíblia, em inglês, lê-se “single eye” e “evil eye”. 

Versões latinas e neolatinas da Bíblia habituaram o leitor a uma interpretação moral deste versículo, traduzindo “olho único” por “olho simples”, inocente, moral; e “olho mau” ganhou o sentido de tenebroso, perverso, imoral. 

Entretanto, “olho único” refere-se ao olho ímpar na testa, único que permite ver o corpo luminoso ou astral do homem, corpo a que se refere, aliás, o resto da frase do evangelista. “Olho mau” é o que pouco vê, ou nada vê, menção aos dois olhos físicos sob a testa, improfícuos por só enxergarem o mundo físico de três dimensões cegos para mais refinadas freqüências vibratórias. 

138 - Um dos seis sistemas de filosofia hindu. Sinkhya ensina a emancipação final através do conhecimento de vinte e cinco princípios, começando com prakíti ou natureza, e terminando com purúsha ou alma. 

139 - Aforismos de Sânkhya, 1:92. 140 Mateus, 24:35. 157

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Os grandes mestres da índia modelam suas vidas pelos mesmos ideais divinos que animaram Jesus; estes homens pertencem à sua proclamada família:

 “Quem fizer a vontade de meu Pai, que está no céu, é meu irmão, minha irmã, minha mãe” [141].

 “Se perseverardes em minha palavra”, salientou o Cristo, “então sereis meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” [142]. 

Livres, todos senhores de si mesmos, os Crístos-iogues da índia são membros da confraria imortal: a dos que obtêm o conhecimento libertador do Pai único. 

Blog: Acimao termo Iogue foi usado de forma correta: os buscam a União com o Divino!

ADÃO E EVA 

- A história de Adão e Eva é incompreensível para mim! - observei com vivacidade, certa vez, em minhas primeiras lutas com a alegoria. 

- Por que Deus castigou, não só o casal culpado, mas todas as gerações inocentes ainda por nascer? O Mestre divertia-se, mais com minha veemência que com minha ignorância. 

- O Gênese é profundamente simbólico e não se pode compreendê-lo pela interpretação literal - explicou ele. 

- A “árvore da vida”é o corpo humano; a coluna vertebral assemelha-se a uma árvore invertida, tendo como raízes os cabelos do homem, e como galhos, os nervos sensoriais e motores. 

A árvore do sistema nervoso ostenta muitos frutos apetitosos: as sensações da vista, do som, do olfato, do gosto e do tato. Estes, o homem tem permissão de desfrutar; mas lhe foi proibida a experiência do sexo, a “maçã” no centro do corpo (“no meio do jardim”) [143]. 

“A serpente representa a energia enrolada na base da espinha, a que estimula os nervos sexuais. Adão é a razão, Eva é o sentimento. Quando o impulso sexual subjuga a emoção ou consciência-de-Eva em qualquer ser humano, sua razão ou Adão também sucumbe [144]. 

Blog: Por isso diz na Bíblia que a Mulher (sentimento) deve obediência ao Homem (razão). Isso foi simbólico - pois na real, se os homens fossem realmente sábios, seria correto a mulher seguir seus conselhos, mas nem homens, nem mulheres são sábios para guiar um ao outro!  Sendo que em algumas relações o mais sábio ou sensato é o homem e em outras a mulher!

141 - Mateus, 12:50. 

142 - João, 8:31-32. São João deu testemunho: “Mas a quantos o receberam, ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que crêem em seu nome (aos que se estabeleceram na onipresente Consciência Crística)”. João, 1: 12. 

143 - “Podemos comer os frutos das árvores do jardim; mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Não comereis dele, nem o tocareis, senão morrereis”. Gênese, 3:2-3. 

144 - “A mulher que me deste por companheira, deu-me da árvore e eu comi. A mulher disse: A serpente me enganou e eu comi.”Gênese, 3:12-13. 158

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Deus criou a espécie humana materializando os corpos do homem e da mulher pela potência de Sua vontade; Ele dotou a nova espécie com o poder de criar filhos de idêntica maneira imaculada ou divina [145]. 

Até ali, ao manifestar-se como alma individualizada, Deus se limitara aos animais, regidos pelo instinto e desprovidos das potencialidades da razão plena; então, fez os primeiros corpos humanos, simbolicamente chamados Adão e Eva. Para estes corpos, a fim de prosseguirem vantajosamente na evolução ascensional, Ele transferiu as almas ou essência divina de dois animais [146]. Em Adão ou homem a razão predominou; em Eva ou mulher, o sentimento prevaleceu.

 ssim se manifestou a dualidade ou polaridade subjacente ao mundo dos fenômenos. Razão e sentimento permanecem no paraíso da alegria cooperativa, enquanto a mente humana não é iludida pela energia serpentina das propensões animais [147[. 

“O corpo humano, portanto, não resultou da evolução dos corpos animais; Deus o produziu por um ato especial de criação. As formas animais eram muito rudes para expressar a divindade em plenitude; somente ao homem e à mulher, desde a sua origem foram conferidos centros ocultos na espinha e o Iótus de mil pétalas, potencialmente onisciente, no cérebro. 

“Deus, ou a Consciência Divina presente no interior do primeiro casal criado, aconselhou-os a fruir de todas as formas de sensibilidade, com uma exceção: as sensações sexuais. Estas foram proibidas, a fim de que a humanidade não se enredasse no método animal, inferior, de procriação. 

A advertência para que não reavivassem memórias bestiais arquivadas no subconsciente passou despercebida. 

Voltando atrás, à forma de reprodução dos seres brutos, Adão e Eva conheceram a queda do estado de alegria celeste que era próprio do homem, perfeito em sua origem. “Ao 'perceberem que estavam nus' perderam sua consciência de imortalidade, conforme a advertência de Deus; colocaram-se sob a lei física, segundo a qual ao nascimento físico deve seguir-se a morte física.

“O conhecimento do 'bem e do mal' prometido a Eva pela 'serpente' refere-se às experiências dualísticas e opostas que todos os mortais sob o domínio de máya devem gozar e sofrer. Sujeitando-se à ilusão, pelo uso incorreto de sua razão e sentimento, ou consciência-de-Adão-e-Eva, o homem renuncia a seu direito de entrar no jardim paradisíaco da divina auto-suficiência [148]. 


145 - A cada ser humano cabe a responsabilidade de restituir seus pais ou natureza dual à harmonia unificada ou Éden.” 

146 - “Assim, Deus criou o homem à Sua própria imagem; à imagem de Deus o criou; criou-os homem 'e mulher. E Deus os abençoou e lhes disse: Crescei e multiplicai-vos, e povoai a terra, e dominai-a.” Gênese, 1:27-28. 

147 - “E o Senhor Deus formou o homem do barro da terra e soprou-lhe nas narinas o hálito da vida; e o homem tornou-se uma alma vivente”, Gênese, 2:7. 

148 - “Mas a serpente (força sexual) era mais sutil que qualquer animal do campo (qualquer outro sentido do corpo).”Gênese, 3:1. 

149 - “E o Senhor Deus plantou um jardim a leste no Éden; e ali colocou o homem que havia criado.” Gênese, 18. “Por isso o Senhor Deus o expulsou do jardim do Éden para cultivar o solo do qual saíra.” Gênese, 3:23. 0 primeiro homem, criado por Deus, tinha sua consciência centralizada no olho ânico onipotente, na testa ('a leste'). Os poderes onicriadores ele sua vontade, focalizados nesse ponto, perderam-se quando o homem começou a 'cultivar o solo' de sua natureza física. 

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Ao terminar Sri Yuktéswar o seu discurso, olhei com novo respeito as páginas do Gênese.

 - Querido Mestre - disse eu - pela primeira vez sinto obrigação filial para com Adão e Eva! [149]. 


149 - A versão hindu da história de “Adão e Eva”é contada no venerável purâna, Srímad Bhagávata. 0 primeiro casal, homem e mulher (seres em forma física), chamavam-se Swayambhuva Manu (“homem nascido do Criador”) e sua esposa Satarupa (“verdadeira imagem”). 

Seus cinco filhos casaram-se com os Prajapatis (seres perfeitos que podiam assumir forma corporal); destas primeiras famílias divinas nasceu a raça humana. 

Nunca, no Oriente ou no Ocidente, ouvi alguém explicar as Escrituras cristãs com tão profunda percepção interna como Sri Yuktéswar. 

“Os teólogos interpretaram mal as palavras de Cristo - disse o Mestre - em tais passagens como 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém vem ao Pai senão por mim,' (João, 14:6). 

Jesus jamais disse que ele era o único Filho de Deus, e sim, que nenhum homem pode atingir o Absoluto-acima-de-Qualificações, o Pai transcendente além da criação, antes de manifestar o Filho ou Consciência Crística atuante dentro da criação. Jesus, que atingira completa unificação com a Consciência-de-Cristo, identificava-se com esta visão que seu próprio ego há muito tempo fora dissolvido.”  

Quando Paulo escreveu: “Deus ... criou todas as coisas por Jesus Cristo” (Efésios, 3:9) e quando Jesus disse: “Antes que Abraão fosse, eu sou” (João, 8:58), a transparente essência destas palavras é: impessoalidade. Uma forma de covardia espiritual leva muita gente mundana a acreditar comodamente que apenas um homem foi o Filho de Deus. “Cristo foi singularmente criado - raciocinam - então como posso eu, um simples mortal, imitá-Lo?

” Todos os homens, porém, foram divinamente criados e deverão, algum dia, obedecer ao mandamento de Cristo: “Sede perfeitos como é perfeito vosso Pai Celestial” (Mateus, 5:48). 

“Vede, com que grande amor o Pai nos favorece, a ponto de sermos chamados os Filhos de Deus” (1 João, 3:1). 

O entendimento da lei do carma e de seu corolário, a reencarnação (ver nota no capítulo 43), é evidente em numerosas passagens da Bíblia; por exemplo, 

“Quem derrama o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado” (Gênese, 9:6), 

Se todo assassino deve, por sua vez, ser morto “pelo homem”, o processo reversivo exige, obviamente, em muitos casos, mais de uma vida. 

As leis contemporâneas, decididamente, não são bastante rápidas! A lgreja Cristã primitiva aceitou a doutrina da reencarnação, exposta pelos Gnósticos e por numerosos Padres, inclusive S. Clemente de Alexandría, o famoso Orígenes (ambos do século 3) e S. Jerônimo (século 5). 

A doutrina [da reencarnação] foi declarada heresia, pela primeira vez, no ano 553 depois de Cristo, pelo segundo Concílio de Constantinopla.  

Naquele tempo, muitos cristãos julgaram que a doutrina da reencarnação oferecia ao homem um palco, no espaço e no tempo, amplo demais para encorajá-lo a lutar pela salvaçao imediata. Mas as verdades suprimidas conduzem desnorteantemente a uma hoste de erros. Milhões de pessoas não utilizaram sua “única vida”para buscar a Deus, e sim, para desfrutar este mundo - tão singularmente ganho e de tão breve duraçío para ser perdido para sempre! A verdade é que o homem se reencarna na Terra até reconquistar conscientemente seu status como Filho de Deus. 

<< FIM DO CAP 16 E DAS NOTAS >

Blog: Entenderam que o tiro saiu pela culatra? 

Ou seja: o Concílio achou que se desmentia ou negava a Reencarnação e postulasse que teriamos apenas uma vida, as pessoas iriam aproveitar a encarnação para buscarem a "salvação" ! Porém, a maioria preferiu então curtir a vida, falando em termos modernos, já que só tinham uma! 

No entanto, na Índia, por acreditarem em reencarnação, muitos também usaram mal tal FATO, pois, eu mesma ouvi isso de um indiano, quando estive na Índia em 2008 e não acreditei: ele dizia que iria deixar X e Y para outra vida, já que havia várias...

O que eu constatei faz tempo é o seguinte:

- Não importa o que se diga ao ser humano - a tendência do ego humano falho e altamente orgulhoso, é sempre usar mal seja uma verdade ou mentira! 

Isso NÃO VALIDA MENTIR, mas apenas mostra o quanto o ego humano é realmente fraco no sentido que ele sempre prefere a via mais fácil! E então, haja vidas para ele aprender as lições básicas - mas, esse mesmo humano chora e implora por ajuda quando se nega a ver verdades ou para aprender lições elementares... (e acreditem, isso vale para quem tem boa vontade - mesmo com muita boa vontade, apanhei para aprender algumas lições). 

Conclusão: fica difícil, seja para um Jesus, um Buda, um Mestre Indiano ou seja de qual raça for - ajudar, de fato os humanos SEM FAZER A LIÇÃO DE CASA no lugar deles - pois isso seria justamente atrasar sua evolução... mais ainda!

Portanto: Haja orações, meditações e BOA VONTADE para querer aprender o ABC... mas não temos  outra opção do que seguir em frente... portanto, vale se esforçar sempre... 

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Conclusão: use um Mestre para se apoiar enquanto precisa, pois para isso ele existe - e embora seja natural e humano adorar mestres, e isso, até certo limite, é parte da maturação dessas almas - como uma criança que idolatra os pais! Fato é que chegará um momento em que é preciso SEGUIR O EXEMPLO DO MESTRE EM ATOS E PALAVRAS, para tornar VIVENTE SEU EXEMPLO E PALAVRAS!

Sendo assim, enquanto os cristãos criticam os indianos por adorarem qualquer um e até animais como seus mestres - e eles, de fato, exagerem nisso - fato é que a maioria dos cristãos adora Jesus, mas só via palavras e indo aos cultos e missas - mas no dia-a-dia o negam dezenas de vezes ao se negarem a seguir seu exemplo de compaixão para com seus irmãos - onde, aliás, um ETE disse algo incrível (O CASO KARRAN):

– O ser humano não é o seu próximo Ele é o seu semelhante. Os animais, sim, eles são o seu próximo. 

Dica aos céticos, ou cristãos com receio dos Etes serem o Mal (e uma parte deles, de fato, são o Mal em muitos aspectos e interferiram na Terra há milênios), sugiro lerem o livro de Bianca, onde ela relata como foi o encontro com um ETE - não só na primeira vez, mas várias vezes! Clicando no título O CASO KARRAN, vão ter um aperitivo de um dos encontros posteriores, numa fazenda, perto de Brasília e o link em PDF para o livro AS POSSIBILIDADES DO INFINITO.

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